Pensei muito se deveria
falar sobre isso, tornar público, mas achei que seria importante... Porque as
pessoas precisam estar cientes que violência sexual contra mulher existe sim,
de diversas formas, em qualquer lugar, e hoje ACONTECEU COMIGO!
Entrei num ônibus para
fazer uma viagem de Montevidéu à Rivera (Uruguai), eram 00:30h e teria 6 horas de viagem
pela frente. Minha poltrona era a última, e quando cheguei a pessoa que viajaria
do meu lado já estava sentada. Era um homem, não mais de 40 anos. Cumprimentei-o
com um “Buenas noches” e um sorriso. Sentei, e ele se ofereceu para colocar
minha mochila na parte de cima do ônibus, e eu agradeci a gentileza. Até aí
tudo certo... nem mais uma palavra e eu logo dormi.
Acordei por volta das
3:30h, quando senti que ele encostou levemente a mão na minha perna. Me mexi
assustada e ele tirou rápido a mão. Nessa hora, apesar do susto, eu acreditei
que ele só estava puxando o casaco que tinha se prendido entre as duas
poltronas. Adormeci de novo...
Pouco tempo depois, acordei
com ele passando a mão entre as minhas pernas, e apertando com certa força.
Gritei um “SAAAAIII” seguido de uma cotovelada que o acertou no braço. Ele
virou pro lado com a mão protegendo o rosto. Dei mais um grito “NÃO ENCOSTA EM
MIM!”
Estava escuro e, apesar
do grito, ninguém no ônibus se manifestou. Ele se afastou, virou pro lado, não
encostou mais em mim. Eu virei pro outro lado, e chorei... seguimos viagem,
ainda lado a lado! Claro que eu não consegui mais pregar o olho, eu não podia
‘descuidar’.
Chorei pela minha
impotência, por não saber o que fazer naquela situação. Além da minha reação de
defesa espontânea (de gritar e dar uma cotovelada), eu não sabia o que poderia
fazer contra aquele ato, contra aquele homem.
Pensei em falar com o
motorista, falar com os outros passageiros... mas tanta coisa passava pela
minha cabeça... acho que boa parte das pessoas pensaria que eu fiz alguma coisa
para provocar isso (que a culpa era minha), outra parte pensaria que “isso não
foi nada, não é nada demais”.
Minha opção foi seguir
viagem, calada e com medo. O agressor continuou do meu lado. Eu não mudei de
lugar, já tinha visto que o ônibus estava lotado... não tinha outra poltrona.
Mas não era isso que eu queria, eu não queria outra poltrona, eu queria RESPEITO!
Muitos podem achar que
isso não é nada: “ele só passou a mão na perna dela...”. Sim, passou a mão SEM
PERMISSÃO! Isso é assédio, é violência! Precisa ser repudiado!
Já na rodoviária do
destino final, enquanto esperava um amigo, aquele homem me seguia com os olhos
em toda parte eu andava. Até que sentei em um lugar perto de mais pessoas, para
que pudesse me “sentir segura”.
Até quando, nós
mulheres, passaremos por situações assim?
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Teve paciência de ler? Então agora me diga algo sobre isso!