Já
romantizei muitas histórias sobre ser a mulher maravilha, já me vangloriei por
ser considerada uma pessoa que guerreira, que aguenta tudo, que não reclama do
trabalho, que não foge da luta, que faz tudo pelos outros.
Já trabalhei mais do que aguentava,
já me coloquei em segundo, terceiro, quarto plano, já escondi minhas dores para
curar a dor do outro, já engoli o choro para não ver outra pessoa chorar e nem
posso contar quantas vezes, abri mão das minhas vontades, para não contrariar.
Sempre agi com o coração, com um
coração que talvez amasse mais os outros do que a mim mesma. E não me arrependo
de sempre ter me doado, de cuidar das pessoas ao meu redor. Mas quer saber? Eu
me sinto cansada...
Cansei de ser sempre forte, cansei de ser a psicóloga, cansei de ser porto seguro, de ser cuidadora, de ser heroína... cansei de sorrir quando eu só quero chorar. Eu não sou a mulher maravilha!
Eu quero rasgar a capa da mulher maravilha, e mostrar que eu também sangro, também sou humana. Carrego comigo traumas, dores, e tenho pesadelos com isso constantemente. Vez ou outra as minhas cicatrizes queimam e eu não quero mais escondê-las.
Sou feita de carne, osso, sangue e coração! Eu preciso de colo, carinho, proteção e aconchego. Preciso do amor da minha família, das risadas dos meus sobrinhos, das conversas dos meus amigos, dos beijos do meu amor. Eu quero café na cama, quero que lavem minhas roupas pelo menos por um dia, quero se preocupem se eu me alimentei bem, se minha dor já passou, se eu estou precisando de algo.
Sei que não posso exigir que alguém faça isso por mim, pois só uma pessoa tem obrigação de me olhar, me cuidar e me acolher: eu mesma. Preciso assumir comigo o compromisso de me colocar em primeiro plano, e hoje tenho maturidade para entender que isso não é egoísmo, é amor! Faço preces para que eu consiga me priorizar sem negligenciar as pessoas que amo e para que eu seja mais gentil e bondosa comigo mesma, com meus erros e fraquezas.
